Quem conviveu comigo até há poucos (muito poucos) anos, vai ter dificuldade em acreditar que, ontem à noite, após uma viagem horrososa, com muita chuva e acidentes à vista, fui com o meu sócio de há 34 anos, (assinamos o contrato, na sacristia da Igreja da Sé de Aveiro, em Novembro de 1974!), assistir a um espectáculo do Augusto Canário e respectivo grupo! Tivemos, antes, uma breve passagem pela casa dos pais, para ver se estavam bem, comemos umas sandochas de queijo e alface, e lá rumámos até à zona da beira-mar, onde morei largos anos, numa rua que, na época, ainda não era alcatroada, e as crianças brincavam à vontade, porque o trânsito era quase nulo. Conseguimos um lugar de estacionamento no Largo da Igreja da Vera-Cruz, e, apeados, fomos tomar um café ao Gato Preto, no qual não entrava há bastante tempo. Seguiu-se a ida até à capela de São Gonçalinho, o padroeiro daquela parte da cidade, que se festeja agora.
Em redor da capelinha viam-se, no chão, muitos bocados das famosas cavacas, e passavam por nós catadores, levando sacos recheados com esses bolos, e o guarda chuva bem grande!
Para quem não conhece a tradição, aqui deixo uma pequena explicação: As promessas dos devotos de São Gonçalinho, são pagas...em cavacas. Os promitentes levam a quantidade combinada com o Santo até ao topo da Capela, de onde lançam as ditas e os catadores "profissionais" das mesmas vão prevenidos com guarda-chuvas, que abrem e viram ao contrário, para as colectarem em quantidade! Eu cá preciso de comprar cavacas, numa das várias bancas de vendedores, porque a minha cabeça é deveras sensível e elas são duras!
Às 22 horas estávamos já plantados no Largo da Praça do Peixe, onde permanecemos até à meia noite. Nesse espaço de tempo decorreu o espectáculo, pleno de brejeirice e muito animado, que vi inteirinho, garanto-vos que é verdade!
Ainda tive o gosto de encontrar por lá o meu sobrinho e uns primos, que, caso seja necessário, serão minhas testemunhas!
Hoje, ao contar aos pais, como gostámos do espectáculo da véspera, em que houvera várias concertinas, logo fomos chamados de ignorantes pelo meu pai, que, muito pormenorizadamente, nos disse as diferenças entre acordeões e concertinas. Afinal, sexta-feira, ouvimos tocar acordeões...