quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Muro de Pedra


A foto deste post, muito fraca de qualidade, diga-se em abono da verdade, tirei-a numa aldeia, domingo passado. É de um muro em pedra, e o verde respeita a videiras onde estão dependuradas uvas de bago pequeno, mas viçosas, pretas! Em frente a este muro, encontra-se uma casa, cuja construção é também de pedra. Outrora, no r/c, encontrava-se instalada uma taverna e mercearia, morando, no andar de cima, o casal proprietário, que explorava a loja. Abriam a porta muito cedo, só a cerrando ao fim do dia. E era um entrar de pessoas, ou a beber um copo de vinho, ou a comprar um Kg de arroz! Tudo pessoas conhecidas, muitas até parentes, ou não se tratasse de uma aldeia portuguesa. Certo é que, movimento não faltava, pelo contrário, havia sempre alguém que, além de mercar qualquer artigo, trocava sempre algumas palavras com quem o servia. A temática das conversas, não será difícil de adivinhar...as plantações que estavam para ser feitas, as que tinham sido colhidas, as pragas que apareciam para estragar o que se encontrava na terra, as condições climatéricas que seriam ou não propícias para a agricultura de subsistência que ali se praticava, e ainda os mexericos que populam em qualquer meio, seja pequeno ou grande! Esta conversa veio a propósito da vida ocupada que tinha o casal, do qual já vos falei. Entretanto a idade dos donos da casa foi avançando. Começaram a alterar-se os usos da terra, com o aparecimento de médias e grandes superfícies nos arredores da aldeia. A mercearia começou a sossegar e apenas uns canecos se iam vendendo. A chegada do € foi a machadada final. As alterações que se impunham operar na loja, não eram adequadas nem à idade nem ao rendimento obtido pelo casal, de modo que a loja, pura e simplesmente, fechou. A porta, que se encontrava aberta todo o dia, encontra-se desde então encerrada. A fachada da casa está tal e qual um "muro de pedra". A idade e os problemas de saúde a avançar ; as companhias (e eram tantas), a escassear! O marido, mais idoso, acamou, e a esposa, outrora por detrás de um balcão a servir "de tudo um pouco", embora também com a saúde abalada, está a tratar do seu companheiro de há tantos anos,  dentro do "muro de pedra", sentindo a falta do bulício da sua antiga Venda. E eu, durante a minha visita, idealizava o tempo a recuar alguns anos, para poder encontrar aquelas pessoas, de quem tanto gosto, e que sempre me trataram carinhosamente, com a sua tasca e mercearia a funcionar...

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