Numa das Repartições por onde a Maria passou, teve um chefe, com um temperamento, que, segundo palavras do próprio, "não era nenhuma pêra doce". O relacionamento entre ambos foi bom, e ainda hoje continua a ser. O mesmo não se passava com uma colega da nossa escriba, que tinha frequentes atritos com ele, por motivos que não vamos aqui aprofundar. Aconteceu um episódio trágico-cómico, que "ficou na história" e que vos vou contar. Havia vários elementos nesse Serviço, assim como pessoas suas conhecidas, que sofriam de sinusite. Alguém, amigo da referida colega da Maria, tinha-lhe falado de um fruto "milagroso", no referente a essa maleita, que poderia ser encontrado no jardim botânico da Invicta. As instruções a seguir, eram fáceis. À noite, antes de deitar, retirava-se o pedúnculo do fruto, inalando depois um pouco da seiva, em cada narina, após ser levemente pressionado. A senhora, cheia de boa vontade, foi então à procura do pepino de São Gregório, assim se chamava o fruto, e trouxe uns quantos, que distribuíu na Repartição, onde ninguém conhecia essa espécie. A Maria agradeceu e levou o seu para casa, onde seguiu as indicações dadas. Ao puxar o pedúnculo do pequeno fruto verde, saíram disparadas, umas minúsculas sementes pretas! Encostou então o orifício deixado no pepino a uma das narinas, tapou a outra, pressionou o fruto e inalou um pouco da seiva, repetindo depois o mesmo na outra narina. Sentiu, de imediato, um sabor amargo na boca, comichão no nariz, onde tinha havido contacto com o fruto, e começou a "largar baba e ranho" pela boca e pelo nariz, que pareciam fontes! Não se sentia bem, pelo que optou por se deitar, tendo que ir buscar uma toalha, à casa de banho, para cobrir a almofada, porque as torrentes escorriam sem parar! O travo amargo invadiu-lhe "as goelas", que começaram a inchar. Passou toda a noite sem conseguir dormir, e, de manhã, verificou que não conseguia engolir o pequeno almoço, estando com dores de cabeça e de garganta, e tendo que ter um lenço sempre à mão! Pensou, que, com o passar do dia, esses sintomas passassem, e foi trabalhar! Passou um dia miserável. Nenhuma das colegas que experimentou o fruto, sentiu sintomas tão agudos, porque teriam inalado menos quantidade de seiva. O chefe, esse, estava furioso, vociferando com a funcionária que lhe tinha "impingido" os pepinos. Uma senhora sua amiga, a quem dera um, ficou no estado da Maria, e telefonara-lhe dando-lhe conta da sua odisseia noturna, dizendo-lhe algo parecido com "o snr dr. queria-me matar!". Estava possesso o nosso chefe, que dizia à funcionária: "eu de si, não me admiro, porque acredita-se em tudo o que lhe dizem, admiro-me é de mim, por ter acreditado em si!". A Maria, no fim do dia, teve de ir ao médico, que lhe disse desconhecer tal fruto, mas verificar que lhe tinha causado forte reacção alérgica, medicando-a! Nos dias seguintes, a colega que levou os pepinos, andava cabisbaixa e o chefe zangado! E assim foi, mais vírgula, menos vírgula, o episódio do pepino de São Gregório.
Fim do blog
Há 13 anos
2 comentários:
Conheço bem essa história, mas não consigo deixar de me rir quando a relembro.
neste momento, precisava muito de um pepinp de S. Gregório
Bjs
Até eu me rio sozinha, apesar de, na altura, ter ficado tão doente, só de me lembrar da cara que o snr dr. fazia à minha colega, e da paródia que eu e uma amiga e colega, já falecida, fazíamos acerca desse caso...e de tantos outros!
As tuas melhoras.
bj
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