terça-feira, 9 de novembro de 2010

vivências de uma escriba


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Numa das Repartições por onde a Maria passou, teve um chefe, com um temperamento, que, segundo palavras do próprio, "não era nenhuma pêra doce". O relacionamento entre ambos foi bom, e ainda hoje continua a ser. O mesmo não se passava com uma colega da nossa escriba, que tinha frequentes atritos com ele, por motivos que não vamos aqui aprofundar. Aconteceu um episódio trágico-cómico, que "ficou na história" e que vos vou contar. Havia vários elementos  nesse Serviço, assim como pessoas suas conhecidas, que sofriam de sinusite. Alguém, amigo da referida colega da Maria, tinha-lhe falado de um fruto "milagroso", no referente a essa maleita,  que poderia ser encontrado no jardim botânico da Invicta. As instruções a seguir, eram fáceis. À noite, antes de deitar, retirava-se o pedúnculo do fruto, inalando depois um pouco da seiva, em cada narina, após ser levemente pressionado. A senhora, cheia de boa vontade, foi então à procura do pepino de São Gregório, assim se chamava o fruto, e trouxe uns quantos, que distribuíu na Repartição, onde ninguém conhecia essa espécie. A Maria agradeceu e levou o seu para casa, onde seguiu as indicações dadas. Ao puxar o pedúnculo do pequeno fruto verde, saíram disparadas, umas minúsculas sementes pretas! Encostou então o orifício deixado no pepino a uma das narinas, tapou a outra, pressionou o fruto e inalou um pouco da seiva, repetindo depois o mesmo na outra narina. Sentiu, de imediato, um sabor amargo na boca, comichão no nariz, onde tinha havido contacto com o fruto, e começou a "largar baba e ranho" pela boca e pelo nariz, que pareciam fontes! Não se sentia bem, pelo que optou por se deitar, tendo que ir buscar uma toalha, à casa de banho, para cobrir a almofada, porque as torrentes  escorriam sem parar! O travo amargo invadiu-lhe "as goelas", que começaram a inchar. Passou toda a noite sem conseguir dormir, e, de manhã, verificou que não conseguia engolir o pequeno almoço, estando com dores de cabeça e de garganta, e tendo que ter um lenço sempre à mão! Pensou, que, com o passar do dia, esses sintomas passassem, e foi trabalhar! Passou um dia miserável. Nenhuma das colegas que experimentou o fruto, sentiu sintomas tão agudos, porque teriam inalado menos quantidade de seiva. O chefe, esse, estava furioso, vociferando com a funcionária que lhe tinha "impingido" os pepinos. Uma senhora sua amiga, a quem dera um, ficou no estado da Maria, e telefonara-lhe dando-lhe conta da sua odisseia noturna, dizendo-lhe algo parecido com "o snr dr. queria-me matar!". Estava possesso o nosso chefe, que dizia à funcionária: "eu de si, não me admiro, porque acredita-se em tudo o que lhe dizem, admiro-me é de mim, por ter acreditado em si!". A Maria, no fim do dia, teve de ir ao médico, que lhe disse desconhecer tal fruto, mas verificar que lhe tinha causado forte reacção alérgica, medicando-a! Nos dias seguintes, a colega que levou os pepinos,  andava cabisbaixa e o chefe zangado! E assim foi, mais vírgula, menos vírgula, o episódio do pepino de São Gregório. 

2 comentários:

Susana Neves on 9 de novembro de 2010 às 10:05 disse...

Conheço bem essa história, mas não consigo deixar de me rir quando a relembro.

neste momento, precisava muito de um pepinp de S. Gregório

Bjs

Libania Neves on 9 de novembro de 2010 às 12:34 disse...

Até eu me rio sozinha, apesar de, na altura, ter ficado tão doente, só de me lembrar da cara que o snr dr. fazia à minha colega, e da paródia que eu e uma amiga e colega, já falecida, fazíamos acerca desse caso...e de tantos outros!
As tuas melhoras.
bj

 

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